Alceu Valença e Orquestra Ouro Preto embalam BH em apresentação única

Grandes hits como La Belle de Jour, Anunciação e Girassol ganharam nova roupagem com a Orquestra

Por: Mariana Hermidas

Última Atualização: 06/08/2025

Foto: Karyme França / Divulgação

No domingo (27/08), Alceu Valença e a Orquestra Ouro Preto realizaram uma apresentação única e gratuita em Belo Horizonte. O concerto aconteceu na Praça da Liberdade, no Centro da capital mineira. A parceria entre o cantor pernambucano e a Orquestra celebra desta vez os 25 anos da orquestra mineira e a longa trajetória de Alceu Valença na música brasileira. A regência ficou por conta do maestro Rodrigo Toffolo e os arranjos ficaram com Mateus Freire.

O concerto, que faz parte da turnê Valencianas é ofertado de forma gratuita, e passou por Ouro Preto em maio, onde recebeu aproximadamente, 40 mil pessoas na cidade histórica da Região dos Inconfidentes, além de já ter passado por diversas cidades do Brasil e da Europa.

O repertório foi composto pelas canções presentes nos álbuns Valencianas I e Valencianas II, esse primeiro gravado em 2014 para celebrar os 40 anos de carreira de Alceu, e o segundo, gravado em Portugal e lançado em 2022, dando continuidade à parceria Alceu-Orquestra, que já dura há mais de uma década.

Alceu Valença no Alto da Sé, em Olinda, nos anos 1980, cidade que é musa inspiradora de diversas canções do seu repertório / Cafi

De Pernambuco para o Brasil

Alceu Paiva Valença nasceu em 1946, no interior de Pernambuco, numa cidade chamada São Bento do Una. Sob influência musical desde pequeno, por parte de sua família, ainda criança se mudou para Recife, onde encontrou outros estilos musicais, diferentes do que havia conhecido em sua cidade natal.

Ainda que fosse formado em Direito, Alceu sabia que seu lugar era no cenário musical, e assim seguiu. Lançou seu primeiro LP — ou long-play, um disco com várias faixas — em 1972, chamado Quadrafônico, com Geraldo Azevedo, dando o pontapé em seu sucesso. Seu primeiro disco premiado, Molhado de Suor, veio em 1974, pela gravadora Som Livre, e vendeu 100 mil cópias, garantindo a Alceu Valença seu primeiro disco de Ouro.

Um expoente da cultura pernambucana e da resistência à ditadura, Alceu utilizava suas canções como protestos contra o regime militar vigente e misturava diversos elementos da música brasileira com instrumentos inovadores para a época, como sintetizadores e guitarras elétricas.

Em 1980, lançou o disco Coração Bobo, abraçando as raízes brasileiras e trazendo para o público faixas com elementos característicos do forró e da música tradicional do Brasil. O álbum Cavalo de Pau, trouxe um dos seus primeiros hits: Morena Tropicana, que também viralizou em 2024, numa releitura no estilo funk MTG. Já em 1983, chega ao mercado o disco que trouxe um dos maiores sucessos de Alceu. O álbum Anjo Avesso contém Anunciação, uma de suas músicas mais populares. Além disso, o disco alcançou mais de  milhões de cópias, o que rendeu ao artista disco de Platina Dupla.

As décadas de 1980 e 1990 foram muito promissoras para Alceu. Em 1992 lançou o álbum Sete Desejos, que também traz um de seus grandes hits atemporais: La Belle de Jour. Já em 1996 foi lançado o projeto “Grande Encontro”, parceria entre Alceu Valença, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho, grandes nomes da música nordestina. Nos anos 2000, como citado anteriormente, começa a parceria entre Alceu e a Orquestra Ouro Preto, combinação de sucesso que dura até hoje.

Alceu Valença, que acaba de completar 79 anos em julho, continua compondo canções, lançando discos e, claro, realizando turnês e apresentações ao vivo. Alceu se consagra como um dos cantores mais importantes da música brasileira e, principalmente, da música pernambucana e nordestina, levando aspectos culturais do Nordeste para a mídia do restante do Brasil, se tornando também um expoente da cultura brasileira no exterior.