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Assaltos e Batidas: Novo álbum do FBC que clama por revolução

  • Foto do escritor: Revista Curió
    Revista Curió
  • 23 de jul.
  • 3 min de leitura

Por: Alicia Coura

Última atualização: 23/07/2025

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

O rapper mineiro FBC lançou, no dia 6 de junho de 2025, o álbum Assaltos e Batidas. 

Natural de Belo Horizonte, o artista com 20 anos de carreira, é um dos mais versáteis da atualidade. Seu estilo musical passou pelo miami bass, drill, pop, jazz e agora voltou com tudo pro boombap, um estilo em que já colaborou no início da carreira, em seus primeiros lançamentos. 


O álbum foi produzido pelo produtor Coyote Beatz com participação de Pepito, DJ Cost, Nathan Morais e apresenta o boombap — um estilo muito popularizado pelos rappers da costa leste dos Estados Unidos no final dos anos 80 e início dos anos 90 — como porta de entrada para toda a sonoridade do disco. Além disso, todas as músicas passaram pela MPC 2000, um equipamento que permite a construção de batidas e sequenciamento muito utilizados nas músicas de hip hop dessa década. A ideia da utilização desse tipo de equipamento, segundo o próprio FBC, era relembrar as formas de produção das músicas de rap do final dos anos 90 e início dos anos 2000, o que se apresenta de forma muito marcante no álbum. 


O boombap foi muito utilizado no Brasil pelos Racionais MC’s, Facção Central e MV Bil nos anos 90 e era marcado por letras potentes de muita insatisfação e revolta, o que é bem evidente nesse disco do FBC. A volta do boombap em sua musicalidade, marca o retorno para suas origens de reivindicações e de movimentos sociais, já que o álbum Assaltos e Batidas é  um álbum político que debate sobre problemas atuais da sociedade brasileira, como desigualdade social, violência policial e descaso político, principalmente dentro das comunidades. Nesse contexto, a sonoridade do boombap sujo se apresenta desde a primeira faixa e, ao longo do álbum, o artista vai tornando o movimento ainda mais marcante, com diversas referências musicais e artísticas, como a utilização de samples de grupos antigos de rap, como Racionais e Facção Central, além de referências visuais na capa do disco. 


Foto: Felipe de Souza/Divulgação
Foto: Felipe de Souza/Divulgação

Cria da comunidade Cabana do Pai Tomás, localizada na região oeste de Belo Horizonte, FBC deixa evidente no álbum o orgulho de suas raízes e a vivência cotidiana. Todo esse clamor regional pode ser visto também em toda a sua discografia, o que éconsiderado uma marca registrada do artista. Ao longo das faixas, é possível perceber referências ligadas aos seus lançamentos anteriores, principalmente ao álbum Baile, lançado no final de 2021,  um dos maiores sucessos do artista. 


Além disso, o contexto e influência do FBC dentro do Assaltos e Batidas é como um apanhado de referências políticas e sociais. O conceito do álbum inspirou‑se no livro Minimanual do Guerrilheiro Urbano, de Carlos Marighella, o que exemplifica o título que une “assaltos” e “batidas” e embasa a militância explícita na obra. Todo o álbum bebe da mesma fonte, e, na música A Voz da Revolução, são apresentados trechos de uma transmissão clandestina de Carlos Marighella, realizada em 1969, em contexto de convocação para uma revolta contra o sistema. 


Foto: Caroline Lima/Divulgação
Foto: Caroline Lima/Divulgação

Outra discussão abordada no álbum é uma das mais latentes dentro do contexto político atual: a escala 6x1, que pode ser vista na faixa “Você Pra Mim É Lucro, a qual faz uma referência direta ao grupo de afro rock, Bayana System. Na faixa, FBC constrói paráfrases do grupo baiano para criticar gentrificação, a lógica capitalista e a exploração do trabalhador nas periferias urbanas, com uma batida que incorpora funk e jazz para reforçar o contraste entre arte e denúncia.


Além do álbum musical, o projeto inclui um curta-metragem dirigido por Renan 1RG,  centrado no personagem Magrão— jovem da favela dividido entre o crime e a militância. As narrativas das músicas ganham corpo visual no filme e nos videoclipes que apresentam um cenário com ilustrações que representam as referências incluidas no álbum. Podemos dizer que Assaltos e Batidas representa um hip-hop político repleto de referências, o que pode representar um grito para uma sociedade cansada da exploração do capital e pronta para uma revolução. 


Capa de "Assaltos & Batidas"
Capa de "Assaltos & Batidas"

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