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Estamos vivendo o declínio do festival VMA?

  • Foto do escritor: Revista Curió
    Revista Curió
  • há 2 dias
  • 4 min de leitura

A premiação que elege os melhores videoclipes do ano aconteceu no dia 7 de setembro, mas será que ele continua tendo a mesma relevância de antigamente?


Por: Alicia Coura

Última atualização: 10/09/2025


Foto tirada por Kevin Kane
Foto tirada por Kevin Kane

O VMA (Video Music Awards) foi considerado uma das principais premiações da década de 90 e 2000, marcando os encontros icônicos da cultura pop, com situações memoráveis que até hoje são comentadas, como o beijo de Madonna, Britney Spears e Christina Aguilera durante a performance da música Like a Virgin/Hollywood em 2003 e o momento em que Taylor Swift ganhou o prêmio de Melhor Videoclipe Feminino em 2009 por You Belong With Me, e Kanye West subiu ao palco, e disse que ela não merecia o prêmio.


Essas e outras diversas interações estão registradas na cultura pop e são lembradas até hoje, seja por músicas, reproduções visuais ou referências audiovisuais. Mas será que o VMA realmente caiu no esquecimento popular?


Para entender esse caso, precisamos voltar para 1984, ano em que a premiação foi criada para celebrar os melhores videoclipes do ano. Com o objetivo de conectar com o público mais jovem e ser uma alternativa mais criativa e provocativa ao Grammy Awards, o VMA foi desenvolvido pela MTV e se tornou uma das premiações mais aguardadas desde a primeira edição, tendo o seu auge nos anos 90 e início dos anos 2000. O troféu - uma figura de astronauta na Lua - foi inspirado em um clipe de introdução da MTV de 1981 mostrando a bandeira dos Estados Unidos substituída pelo logo da MTV.



Foto tirada por Eric Long
Foto tirada por Eric Long

Relevância mundial


Depois da primeira edição, a premiação foi ganhando ainda mais força, chegando a ser um dos eventos mais assistidos da TV americana e mais aguardados pelos artistas. Em suas primeiras edições, os artistas que se apresentavam no VMA eram considerados os mais relevantes do momento, e as performances serviam como divulgação do artista em alta, por isso eram bem produzidas e estéticamente marcantes. Mas no final dos anos 2010, o VMA foi perdendo a autonomia que tinha antes, e em 2019 a premiação registrou a sua pior audiência até então com 4,9 milhões de pessoas. 


A perda de audiência pode ser explicada em alguns fatores. O primeiro deles é que a partir do final dos anos 2010, em especial entre o público mais jovem, houveram mudanças nos hábitos de consumo e na fragmentação das audiências. A TV foi sendo deixada cada vez mais de lado para dar lugar a internet e as redes sociais. Para reverter o declínio, a MTV vem utilizando uma estratégia de marketing da nostalgia, resgatando elementos dos anos 80, 90 e 2000 para reconectar com públicos antigos.


Além disso, é importante destacar que hoje, artistas podem viralizar globalmente sem necessariamente depender de uma performance ao vivo em rede nacional. Clipes lançados no YouTube, TikTok ou Instagram muitas vezes alcançam mais visualizações e engajamento do que o próprio evento. Em 2022, o VMA teve cerca de 3,9 milhões de telespectadores nos Estados Unidos, número ainda menor que o recorde negativo de 2019. Em comparação, videoclipes como Flowers de Miley Cyrus ultrapassam 300 milhões de visualizações no YouTube em poucas semanas após o lançamento. Outro ponto que enfraqueceu o prestígio da premiação é a percepção de que os indicados e vencedores nem sempre refletem os artistas mais inovadores do momento, mas sim os mais populares ou os mais lucrativos para a indústria. Isso gerou críticas sobre a relevância dos critérios de escolha, afastando o público que buscava autenticidade e representatividade.


Ao mesmo tempo, o VMA parece tentar equilibrar tradição e modernidade e em 2023, a premiação apresentou um aumento modesto de audiência em relação a 2022, alcançando 4,37 milhões de espectadores graças ao uso massivo de transmissões multiplataforma (TV, YouTube, TikTok, Twitter/X e Instagram), além da presença de nomes nostálgicos e contemporâneos, como Shakira, Nicki Minaj, Olivia Rodrigo e Doja Cat. A performance de Shakira, inclusive, foi um dos momentos mais comentados da edição, reunindo mais de 1 bilhão de impressões nas redes sociais segundo dados da Nielsen, mostrando que, mesmo em declínio na TV tradicional, o VMA ainda consegue movimentar a cultura pop digitalmente, mas de uma forma diferente daquela dos anos 90 e 2000.


Foto tirada por Alberto E. Rodriguez
Foto tirada por Alberto E. Rodriguez

Pode-se afirmar que o fim do VMA está próximo?


É possível afirmar que o VMA, embora ainda relevante dentro de certos nichos, não possui mais o mesmo impacto cultural e midiático de décadas atrás. O festival enfrenta um claro declínio em termos de audiência tradicional e prestígio, impulsionado pela transformação digital, novas formas de consumo e uma geração que já não vê a televisão como principal fonte de entretenimento. Ainda assim, a marca VMA carrega um legado importante na história da música pop, e continua sendo uma vitrine para artistas e performances que buscam visibilidade global. Se a MTV souber adaptar-se verdadeiramente às novas dinâmicas digitais e à diversidade do público, talvez o VMA não volte a ser o que já foi, mas ainda pode se reinventar para continuar fazendo parte da conversa cultural.


Foto tirada por Mark RALSTON
Foto tirada por Mark RALSTON


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