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Alcione e a celebração da cultura popular brasileira

  • Foto do escritor: Revista Curió
    Revista Curió
  • 28 de mai.
  • 3 min de leitura

Show gratuito de Alcione Marrom em Contagem celebra o Dia das Mães e demonstra a perseverança do samba no cenário musical brasileiro


Por: Mariana Hermidas

Última atualização: 28/05


Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, recebeu Alcione para um show na sexta-feira, dia 16/05, como uma celebração do Dia das Mães. A apresentação aconteceu no Espaço Popular Sede, um anfiteatro nas escadas da Igreja São Gonçalo, no centro da cidade. O show, que reuniu mais de 17 mil pessoas, foi realizado e organizado pela Prefeitura Municipal e pelo artista contagense Juão Jubá, que também abriu o show de Marrom. A setlist contou com sucessos de Alcione, como “Meu Ébano”,



“Você me vira a cabeça” e “Não deixe o samba morrer”.


A apresentação contou com a participação da prefeita de Contagem, Marília Campos, e afirmou que a cidade é um local de “democratização da cultura”. O show de Alcione, de fato, mostrou que Contagem — uma cidade que muitas vezes fica à sombra da sua cidade vizinha Belo Horizonte — tem potencial para receber grandes artistas, como Alcione, e pode ser considerada um local de produção cultural, musical e artística, assim como a capital mineira, mesmo que seja esquecida às vezes, ou lembrada apenas por suas fábricas e seu histórico industrial.

A escolha de Alcione como atração para celebrar uma data tão importante como o Dia das Mães não foi atoa. A Rainha do Samba conta com mais de 50 anos de carreira, mais de 40 álbuns lançados e diversos sucessos, além de ser uma das vozes femininas mais importantes da Música Popular Brasileira.


Alcione Dias Nazareth, conhecida também como Marrom, nasceu em 21 de novembro de 1947, em São Luís, capital do Maranhão. Filha de uma dona de casa e um policial militar, aprendeu desde muito nova a tocar instrumentos como o trompete e clarinete, por influência de seu pai.


Por mais que tenha iniciado sua carreira no magistério, para lecionar o ensino fundamental em escolas, a vida de Alcione estava destinada à música, o que a levou para o Rio de Janeiro em 1972. Iniciou sua carreira musical cantando em bares da cidade carioca, e com o tempo conseguiu vagas na televisão para performar. Seu primeiro EP — ou disco compacto, que comporta até 4 faixas — foi lançado no mesmo ano, e contava com um de seus principais sucessos, Figa de Guiné. Em 1975, Alcione lançou o álbum “A Voz do Samba” e incluía a canção “Não Deixe o Samba Morrer”, que consagrou a cantora como Rainha do Samba. Desde então foram 26 discos de Ouro, 7 discos de Platina, 4 DVDs de Ouro e 1 DVD de Platina, além de 7 nomeações e 1 vitória no Grammy Latino e 21 troféus no Prêmio da Música Brasileira.


A relação de Marrom com o samba vai além de suas gravações. Há 5 décadas, desde os anos 1970, Alcione participa da escola de samba Estação Primeira de Mangueira, e no Carnaval de 2024 foi homenageada do samba-enredo da escola verde e rosa. Marrom também lançou algumas canções em homenagem à Mangueira, como “Mangueira, Estação Primeira”, que está presente no álbum “Da Cor do Brasil”, de 1984. O samba, marginalizado em seu princípio, por ser um ritmo com raízes africanas, é uma forma de resistência da cultura afro-brasileira, e Alcione é um dos expoentes desse gênero musical, que abriga também cantores renomados como Cartola — fundador da Estação Primeira de Mangueira —, Pixinguinha, Adoniran Barbosa, Dona Yvone Lara, Beth Carvalho, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, entre muitos outros nomes que compõem a lista de um dos principais gêneros do Brasil, aclamado em todo o globo.


Alcione mexe com os brasileiros. Eu mesma, quando era criança, já escutava Alcione nos churrascos em família, mais especificamente “Não deixe o samba morrer”, que traz para mim um clima de final de tarde e fim de festa, junto com “Bebete Vãobora”, de Jorge Ben Jor, “Trem das Onze” de Adoniran Barbosa, “A Amizade” do grupo Fundo de Quintal, entre muitas outras que embalam a vida dos brasileiros até hoje, mostrando a força do samba no cotidiano do Brasil, que já reverbera por um século.


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