Para mentes ansiosas:
- Revista Curió
- 27 de mai.
- 3 min de leitura
Imersos na época do acesso rápido à informação - e desinformação - e do consumo midiático de forma caótica, tendemos a nos sentir com uma sensação de vazio, isolamento e ansiedade. Com o grande acesso que temos a produção de novas imagens e visualização de material visual todos os dias, banalizamos o poder de registro que temos em mãos com nossos celulares, registro é memória e memória é afeto! No fundo, este não é um texto sobre positividade tóxica, ou com o objetivo de resolver o problema do mundo de um jeito utópico, é mais para um paliativo para ajudar com a cabeça nos dias difíceis.
Procure pensar em coisas cotidianas que te trazem alguma satisfação, e quando se deparar com esses momentos sugiro que os registre de alguma forma. Assim nos dias ruins, podemos voltar nesses registro e perceber como em meio aos problemas e acontecimentos ruins temos também sentimentos bons, felicidade, conforto, é um bom exercício para tentar enxergar como todas as coisas no mundo são passageiras e repletas de várias possíveis visões, assim como há gente que ama e chuva e quem odeie passar por dias nublados.
Mesmo que pareça bobo, tente ao longo do dia contemplar o espaço ao seu redor. O estado contemplativo requer o passeio atento aos nossos sentidos, repare o movimento das pessoas e do trânsito, sinta na pele o clima, é quente e úmido? Ou está frio e seco? Você ouve música? Pare um instante para observar as coisas que seu corpo te mostra. Com o tempo, treinando os olhos e abrindo o coração, conseguimos presenciar cenas verdadeiramente acolhedoras, serenas e alegres. Um senhor que passeia com sua esposa risonha, uma criança brincando com sua mãe, cachorros correndo pelo gramado, ou um raio de sol que bate nas folhas das árvores. Para além do externo, ter fotos de pequenas atitudes suas, também pode ser muito reconfortante. Um almoço em família, um sorvete com os amigos, ou uma viagem legal. Quando necessário, rolo pela minha galeria, olho para minhas fotos e penso: “quero presenciar mais dessas coisas ao vivo!”.
A perspectiva da fotografia ajuda muito a perceber esses enquadramentos que a vida tem vez ou outra e te deixarão contente, em um estado de apreciação visual pleno. De pouco em pouco, consigo às vezes, em um dia completamente cheio e apressado, olhar ao longe e ver como o azul do céu, numa cor quase sólida, contrasta belamente com os tons de verde e amarelo de uma árvore da rua, e ali eu percebo, “caramba o mundo é bonito mesmo né?”. Podemos, claro, guardar essas cenas na memória, mas registrando fisicamente, temos um material palpável para revisitar quando é preciso ter mais esperança para com os dias futuros. Gosto de utilizar da fotografia neste sentido, algo rápido, acessível a qualquer momento e que captura de forma “quase fiel” a situação.
É possível também, ir além e fazer anotações em um caderno e revelar algumas fotos escolhidas - atividade muito divertida - ou numa conta de redes sociais onde é possível tecer descrições. Aos que preferem materiais mais analógicos” temos o diário da gratidão, por exemplo, que não precisa nem ser diário e nem só sobre gratidão, mas um registro simples de bons sentimentos, adaptado à sua forma de ser.
Gosto de ter muitas referências e opções para essa atividade porque é mais fácil de fazer as coisas de modo personalizado, e tudo bem também se você não der certo com nenhum método das primeiras vezes, invente o seu próprio! O mais importante é conseguir apreciar um pouquinho da vida nas coisas simples do cotidiano, e criar um pouco afeto pelo mundo.
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