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15 anos de Sensacional: música, memória e sensação

  • Foto do escritor: Revista Curió
    Revista Curió
  • 9 de jul.
  • 4 min de leitura

Com shows de Zeca Pagodinho, Marina Sena e Evinha, a 15ª edição do Sensacional retorna à paisagem da capital mineira para celebrar tradição e diversidade.


Por: Pedro Sena

Última Atualização: 09/07/2025


Foto: Festival Sensacional via Instagram
Foto: Festival Sensacional via Instagram

No último fim de semana, Belo Horizonte recebeu a 15ª edição do festival Sensacional. Idealizado pela produtora cultural Híbrido, o evento já tem um longo histórico na cena cultural da capital mineira — um legado que vem sendo construído ao longo de quase duas décadas — e reforça o compromisso do festival em promover cultura regada de experiência estética e mineiridade.


Nesta edição, o evento teve em seus palcos grandes nomes da MPB, como Zeca Pagodinho, Caetano Veloso e Evinha, e também promessas emergentes pro MPB nos próximos anos: Marina Sena, Iza, Melly e Duquesa. 


Foto: Line-Up Sensacional 15 anos
Foto: Line-Up Sensacional 15 anos

O Sensacional surgiu em 2010 no Viaduto Santa Tereza, um marco que fez parte da carreira de diversos artistas que passaram por Belo Horizonte. De lá para cá, houve inúmeras edições, nos mais diversos lugares, sempre com enfoque na premissa de promover diversidade artística para a cidade.


Em 2022, um marco redefiniu a maneira com que o festival é lido pelo público: foi o ano em que o festival se transferiu para o Parque Francisco Lins do Rego — o popular Parque Ecológico da Pampulha. Desde então, o local se consolidou como cenário indispensável para a proposta do evento, nas palavras de Mari Campos, uma das diretoras do evento.


Atualmente o evento reúne todos os anos nomes de peso - trazendo  artistas como Djavan, Glória Groove, Liniker e Baco Exu do Blues nas edições anteriores. O que fez com que o festival se tornasse um grande referencial quando o assunto são festivais de música. Desde 2010, o evento mobilizou mais de 200 mil pessoas. Nesta última edição, de acordo com a organização, os dois dias de evento somaram um total de 25 mil pessoas. 


O festival esteve presente em todo o parque e contou com quatro palcos. Os dois principais — Vivo e Petra — ficaram posicionados na parte de trás do espaço, reservados para as atrações de maior destaque do dia. Já os palcos Cemig e Natura, instalados entre as árvores, ofereceram uma atmosfera mais intimista, voltada a artistas independentes e nomes em ascensão.


Para além dos palcos, o festival contou com uma área de alimentação própria, um espaço de descanso pensado pelo Comitê Mineiro Indígena, com diversos lounges e as famosas instalações artísticas iluminadas que trazem toda a estética onírica do festival.


Evinha e seu comeback com a juventude


Foto: Allan Calisto
Foto: Allan Calisto

Já no início do Sensacional a plateia se encantou pela voz de Evinha. Acolhida com entusiasmo, a cantora animou a plateia com sucessos lançados há décadas atrás. O show foi emocionante, principalmente, no que tange o carinho e respeito entre artista e plateia.

Aos 73 anos, a artista carrega uma trajetória de mais de cinco décadas na música brasileira. Seu percurso começou nos anos 1960, como integrante do Trio Esperança, antes de iniciar sua carreira solo em 1968. Referência do movimento Jovem Guarda, Evinha voltou aos holofotes após ter sua obra sampleada no álbum Diamantes, Lágrimas e Rostos para Esquecer do rapper BK.


Zeca pagodinho e seus 40 anos de carreira


Foto: Leandro Couri
Foto: Leandro Couri

O Rei do Samba foi outro artista clássico que movimentou o público ao entardecer do festival. Em homenagem aos seus 40 anos de carreira, Zeca cantou seus maiores sucessos com muito carisma e uma taça de vinho na mão. O público aninhado entre as colinas do parque acompanhou em coro hinos como Ogum e Deixa a vida me levar


Belo Horizonte, em especial, parece ter um carinho antigo por Zeca. Não é raro vê-lo se apresentando mais de uma vez ao ano na cidade — e, em todas as ocasiões, ele segue arrastando um público fiel e numeroso.


Marina Sena e o frescor das Coisas Naturais


Foto: Bruna Gomes
Foto: Bruna Gomes

Ainda no palco principal, Marina Sena fez questão de estrear, da melhor forma, a turnê do seu mais recente álbum Coisas Naturais na capital mineira . Em um show explosivo, com visuais surrealistas, a artista intercalou seu novo disco com sucessos anteriores da carreira. 


Em músicas como Mágico e Lua Cheia, ficou fácil entender as comparações que a colocam no patamar de grandes vozes como Gal Costa. Já em canções como Voltei pra Mim e Pra Ficar Comigo, o tom íntimo e sensível da artista tomou conta do palco — com direito a performances de voz e violão que levaram o público à catarse.


Duquesa e Melly como grandes promessas pro futuro


Fugindo dos palcos principais, no palco Cemig, em meio às árvores, duas vozes potentes se destacaram ao longo do evento. Duquesa e Melly, nomes que vêm ganhando cada vez mais espaço na nova MPB, entregaram apresentações carregadas de presença de palco e identidade. Com propostas diferentes, mas igualmente autênticas, deixaram claro que são apostas certas para os próximos anos.


Duquesa, em especial, chamou tanta atenção que acabou superando as expectativas: o público lotou a área ao redor do palco Cemig a ponto de, para muitos, não ser possível nem vê-la no palco. A escolha de um espaço secundário acabou subestimando a força da artista, que já se mostra merecedora dos palcos principais há algum tempo.


Arte politizada e consciente


Não se podia passar pelo Sensacional sem perceber o compromisso político que permeia o festival. Ao longo do evento, foram várias as manifestações em defesa da gratuidade do transporte público em Belo Horizonte — pauta que ganhou espaço nos palcos com falas dos cerimonialistas. Além disso, o festival abriu espaço para o Comitê Indígena Mineiro, que trouxe reflexões urgentes sobre os direitos dos povos originários, com destaque para a denúncia das práticas de mineração em terras indígenas e a defesa das águas da capital.

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